A estranheza de estar ( Prosa a 4 mãos )
Estou e não me sinto estando. ...
O verbo não casa com a rima. São coisas que me azucrinam, a distância
que se aproxima, é tudo, é muito, é veloz, nada se faz poético!
Chega a ser patético, escritores virando frases, é a noção que se perde, a fluidez que se esvai. Na face, um ar de poesia. Nas mãos, um giz que se desfaz...
Estou me sentindo carente. Poeta vive de luz e é um amornar permanente,
é um cadinho de cruz, é sina, é sentimento. Não dá para amar às
pressas...
O Face destrói a palavra, resume o amor em hora
incerta, fragiliza a sensação, faz a massa virar pão, bisnaguinha sem
conteúdo, sanduíche em produção...
Quero a ausência das horas, os amigos pegando nas mãos.
Quero o poema na alma...um tanto mais de desrazão. Estou e me sinto não
estando, num estado de paralisia que asfixia a voz da calma, da
atmosfera criativa, da troca, da conversa amena, das construções de
poemas altas horas, noite a fora....
Agora, o que temos é um mero click, um 'like', um gostar e em outra língua...língua muda, sinalizando passagem.
- Onde foram parar as palavras? os diálogos intensos, as viagens poéticas? o encantamento?...
Sinceramente, recuso-me a aceitar este tipo de mudança que nos leva a
bagagem sem nosso consentimento nos deixando ao vento...ou ao Deus
dará...
Bagagem seca e esturricada, um cadinho de nada, para quem tem tanto a dar...
Márcia Poesia de Sá e Lena Ferreira
(Em óbvio desagrado ao face.)
Fotografia de Eliana Desa.
Um dia eu conheci um mar...
ResponderExcluirum dia pisei em suas águas
um dia, mergulhei nele
e jamais saí
te amo Lena...