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Quando olho no espelho, eu te vejo
A sorrir; sorriso manso como outrora
Mas vem-me a lembrança do teu beijo
Daquele dado quando foste embora
Abandonando tanto amor,à própria sina
Deixastes marcas bem fortes, imensas
Como no muro, em grafite, na esquina
Impressas junto a dores tão intensas
Enchem meus olhos de tristeza e pranto
Grossas lágrimas descem pelo meu rosto
Por que perdestes do amor todo encanto?
Por que deixastes em minha boca teu gosto?
Nem mesmo o sal deste amargo pranto
Que ora chega a encharcar meu leito
Não servirá para afogar, num canto,
A doce esperança que brota em meu peito.
(Lena Ferreira& Mazéh Lage)
1601-2010
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