Cedeu-me seus lábios...
Então olhei fixo pra cima
Em busca de seus olhos
Estavam fechados e trêmulos
Sufocado por um instante
Senti o gosto daquele desejo rosado
Tapar-me a boca ofegante
E calar minha língua intrometida
De joelhos lambuzei-me
Feito uma criança gulosa
Saboreando um sorvete
De néctar orquídea-selvagem
Cedeu-me poros, pele, pelos...
Inteiros, rendemo-nos aos apelos
seguidores de estrelas fartas
do céu de mel, de vinho e paixão
Cedi meu ar rarefeito em excesso
doei-lhe a Vida que em mim é farta
insensato que sou, verti três Sóis
e nu e cru clamei por razão
Mas já era tarde; dois corpos atados
jorravam pelos meios o melhor de nós
meu Sol, tua Lua, uma só poesia
eclipse sem fim, sem pudor, extasia...
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