quarta-feira, 22 de junho de 2011

CÁUSTICO

(Lena Ferreira & Rojefferson Moraes)
Cala a boca imunda em vômito
aflitivo, convulso, comprido e magro
pelos dias de atrocidades velozes
que ventaram os quatro cômodos do dia
inteiro
..

Fica esparramado no chão da sala
se debatendo, discutindo com a própria sombra
se tornando fantasma, resto, coisa
que nem ao menos consegue amar
nada
..
Estenda a língua a um palmo do piso
pisa com força no rebento da vidraça
estilhada a cara torta do espelho em brasa
tira a verdade pra dar a valsa dos portos
escorados
..

O fel da verdade escorrendo dos olhos
Respiração ofegante escapando dos poros
Fica esta pausa diante dos estilhaços de vidros
A música dilacerante da saudade
doente
,..

Meio vivo, meio cadáver
O pus fervilhando nas entranhas
Enquanto no chão da sala
Repete as canções que cantou madrugadas inteiras
notas mortas
..
Exala pela sala inteira o bafor do éter tenso
do sono que não veio, borda um traje torto
e veste em si, andrajo de filho natimorto
se morre, se mata, se come e se envenena

.
Sê verme!

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