quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ALQUEBRADA TERNURA (Juleni Andrade & Lena Ferreira) TROVART.wmv

terça-feira, 19 de outubro de 2010

ALQUEBRADA TERNURA


Gota de ciúme, pontas de saudade,
beijo guardado na lembrança.
Nada tão impermeável, nada tão perene.
Tudo tão solene, tudo tão desagradável.

No canto esquerdo, água turva...
nauseante que entorpece a calma.
Nada de cuidados com o verbo intransponível.

Ventos precipitam-se em borbulha,
assanham pensamentos pouco coerentes.
Vozes pairam silentes pelo imenso espaço,
vitrificando olhares e braços; todos tensos.

Palpável, a dor parece auxiliar a saga
de quem queria estar de outra forma;
talvez um pouco menos de amargura.

Amor quebrado tem dessas coisas,
faz tudo mexer estranhamente ...
embala noites e sonhos na saudade,
conduz a sinfonia estrídula no ciúme.

(Juleni Andrade & Lena Ferreira)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SOLTURA

Palavras esquecidas num canto de boca,
memórias espremidas
entre os pequenos espaços...

No calor da hora, fiou-se um brado,
abortado por culpas, desculpas, remorsos.

Preso por um fio, o grito
só foi visto no rabo de olho...

Recolho, ainda, o pranto
esparramado no afã de consertar
adeus inevitável.

(...)

Letras distorcidas no eco da alma
verbos reprimidos
pelos vãos que vão...

Na frieza do segundo decisivo, um gemido
acoitado por desafios, valentia e deboche

Solta-se, enfim, o verbo bendito
vai com o vento sem laço

Escolho, então, o canto
esparramando minha voz terçã
liberdade infindável!

Juleni Andrade & Lena Ferreira

sábado, 9 de outubro de 2010

SINTONIA

Querendo alcançar o sol, o céu
dei saltos, altos! quase me arrebento 
esquecendo-me de tirar o véu
na ânsia; tamanho deslumbramento  

E na poesia encontrei rumo
Dela me alimento noite e dia
Sem sair fora do meu prumo
consegui leveza paz e sintonia


Lena Ferreira & Maria Rita Bomfim

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

REALEJO ENCANTADO


.
Canta a lua, alta madrugada
em versos de dizer que ama
canções de almas apaixonadas
ouvindo-a, o coração te chama
.
Bate-me um vento; brisa doce
nos olhos roça-me a saudade
de quem partiu como se fosse
nada, todo o meu amor-verdade
.
Então os olhos marejados
de pratas lágrimas de luares
vão arranhando assim, alados
campos verdes, de meus suspirares
.
Alento seja novamente meu desejo
pois apraz-me o contentamento
e, que as canções me sejam um realejo
trazendo de volta o amor que partiu no vento
.
Lena Ferreira/Marçal Filho
Rio/Minas 06/10/2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

REPARTIDA

Cala o verso na boca
calo confuso na língua
colo versado que míngua
cisma a voz; canta rouca

Corta a língua da louca
boca, praga e mandinga
bafo de verve em moringa
a desinspiração bocomoca

Servem-me água parada
com cicatriz ainda aberta
peito para e me aperta
pena em lança; sai nada

Pedem quindim e cocada
em troca de amor e coberta
vendem a errada por certa
invertem o rumo da estrada

Calo o calo e caminho
verso e verbo comigo
sigo; não vou sozinho
conto com meus amigos

Cato para o meu ninho
beijo, comida e abrigo
queijo, lambida e vinho
acima e abaixo do umbigo

Sirvo da minha verve
que agora vai revivida
pena leve que escreve
toda a graça da lida

Agora eu saio da greve
de inspiração repartida
e deixo um até breve
para a parceira querida.

Lena Ferreira e Wasil Sacharuk

sábado, 2 de outubro de 2010

DÚLTIMO POEMA

Há uma palavra pendurada
na ponta da língua,
bêbada de medo
pela ausência
anunciada.

Alguma que, agora lembrada,
jazia. Que não se extinga
num quase segredo...
Resiliência
intentada.

Há uma aflição tamanha
no canto da alma
trêmula e tensa
pelo rumor
silente

que já se sente,
como um furor
na alma extensa
que perde a calma
no poema que já não canta.

Há um verso preso na garganta
há um verbo indizivel, indelével
há uma bruma; cortina de fumaça
há uma dor imensa que não passa...

Lena Ferreira & Ânderlo Strwsk