segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O QUE SERIA DE NÓS

O que seria de nós
não fosse o riso fácil que nasce solto
como um leve e terno abraço
mesmo distante, mesmo sem ser visto,
aliviando a vida e seu cansaço?


O que seria de nós
 sem este abraço morno,
sem este poema contido,
sem este ser em nós?


Ah ...
O que seria de nós, não fosse a poesia bravia,
o mar que nos bate e os pingos de sol?

 Ah...
O que seria de nós, não fossem os laços refeitos...
docemente rarefeitos, úmidos de manhã e sal?


Não sei...
Não tenho a resposta precisa, exata e sensata...
Só sei que não seríamos os mesmos.
Só sei que sem poesia, sem esse gosto de maresia,
Seríamos mais sós, mais nós e bem menos alegria.


E assim, a vida teria menos graça,
o riso seria por pirraça e não espontâneo e franco como este
que nasceu agora.


Somos o âmago do verso,
o inverso do incerto, a pureza do arrebol.
Somos a pura essência da prosa, o abraço morno da rosa
quando se deita mansamente no terno afago do sol.


O que seria de nós? !



O QUE SERIA DE NÓS – Lena Ferreira & Marcia Poesia de Sá – dez.14



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ASSOVIO

Não grite o amor, amor...
Aquiete
a frase, o verbo, o verso e a língua
Ninguém precisa saber de nós
a não ser nós dois e esse silêncio suspenso e macio
Fala baixo, baixinho
que a minha alma se assusta
com lenços caindo ao chão
Sussurra, então, a declaração bendita ao pé do ouvido
ou um gemido miúdo, como um gato no cio
ou um assovio fino, fininho
com sabor de hortelã
Ou qualquer coisa que se assemelhe a brisa
que não avisa quando vai chegar
Mas por favor, não grite...
Aquiete
o vento e o inverso à míngua
Ninguém precisa estar entre nós
a não ser nós dois com o coração
na palma
Então, perceberá que amar é só calma
silente de olhos ardentes, amor
Inquiete
a frase, o verbo, o verso e a língua
em nós



ASSOVIO - Lena Ferreira & Bia Cunha - nov.14

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A ESTRANHEZA DE ESTAR

A estranheza de estar ( Prosa a 4 mãos )

Estou e não me sinto estando. ...
O verbo não casa com a rima. São coisas que me azucrinam, a distância que se aproxima, é tudo, é muito, é veloz, nada se faz poético!

Chega a ser patético, escritores virando frases, é a noção que se perde, a fluidez que se esvai. Na face, um ar de poesia. Nas mãos, um giz que se desfaz...

Estou me sentindo carente. Poeta vive de luz e é um amornar permanente, é um cadinho de cruz, é sina, é sentimento. Não dá para amar às pressas...

O Face destrói a palavra, resume o amor em hora incerta, fragiliza a sensação, faz a massa virar pão, bisnaguinha sem conteúdo, sanduíche em produção...
Quero a ausência das horas, os amigos pegando nas mãos.

Quero o poema na alma...um tanto mais de desrazão. Estou e me sinto não estando, num estado de paralisia que asfixia a voz da calma, da atmosfera criativa, da troca, da conversa amena, das construções de poemas altas horas, noite a fora....

Agora, o que temos é um mero click, um 'like', um gostar e em outra língua...língua muda, sinalizando passagem.
- Onde foram parar as palavras? os diálogos intensos, as viagens poéticas? o encantamento?...

Sinceramente, recuso-me a aceitar este tipo de mudança que nos leva a bagagem sem nosso consentimento nos deixando ao vento...ou ao Deus dará...

Bagagem seca e esturricada, um cadinho de nada, para quem tem tanto a dar...

Márcia Poesia de Sá e Lena Ferreira
(Em óbvio desagrado ao face.)

Fotografia de Eliana Desa.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

SIMPLES


SIMPLES

Amor é energia que se espalha por aí
em partículas invisíveis que pairam no ar
Amor também é força que brota dentro de mim
e vitaliza as fibras de um novo pulsar

Amor apenas se esconde
em gente que só causa mal
Pois não sabe onde encontra
essa enorme fonte vital

Amor é intrínseco à vida,
é natural em todo momento
Estado de calma estendida
a quem espalha este sentimento

Amor é algo natural; não se explica, não se entende
Amor é diferente, cresce quanto mais oferecemos
Amor não se mede nem se pesa mas se estende
quanto mais nos entregamos, com ele, crescemos

Amar, então, é livre manifestação
de fora para dentro, de dentro para fora
Amar, então, é essa simples equação:
Ficar ao lado quando, livre, poderia ir embora.

Fabio Granville & Lena Ferreira - jun.14


terça-feira, 13 de maio de 2014

NOSTALGIA

Vejo a lua na imensidão escura
que, brilhando solteira,descortina nuvens
e mostra-me estrelas pequeninas
purpurinando o céu, bem discretas

A brisa que paira nesse instante
é como um manto que me cobre
e completa a cena de encanto, toda em prata
meus olhos são duas poças d'água

De lembranças e sentimentos nostálgicos
que me levam a tempos inesquecíveis,
a momentos que me tatuaram a alma
sob a lua sorridente na escuridão

E enquanto a noite espreita cada gesto
cada passo, cada suspiro por mim dado
tateio-me por dentro e a busca é inútil;
dos tempos idos, resta apenas essa lua...

...que, solteira e solidária, me acompanha

NOSTALGIA - Roberto Camara e Lena Ferreira - mai.14

terça-feira, 6 de maio de 2014

SEMENTE DO AMOR

SEMENTE DO AMOR

O amor é divino, é semente que germina no coração
O amor é como sombra que abriga os sentimentos
Fala de ternura ao coração com os olhos da paixão
Fazendo o caminhar ser lento por dentro da alma de quem o usa

O amor é capaz de transformar, acontece quando não esperamos
e se o esperamos, ele nos foge; o amor não sabe esperar...
E na sua bandoleirice, logo se aninha em outros tálamos...
e no fundo de minha alma vem acampar...

E acha em meu coração, um lugar seguro
atravessando pontes e transpondo muros
não encontra o aconchego, que deveria encontrar.

Mas, amor quando é amor de verdade, insiste
Por mais que eu queira, meu coração não desiste
e segue a conjugar o verbo que me faz caminhar.


Diná Fernandes, Roberto Camara, Luiz Dutra, Kleber, Angelina Cruz & Lena Ferreira