terça-feira, 24 de abril de 2012

ENFRENTO-ME




Nessas águas desconhecidas que enfrento
Tento banhar-me para lavar o meu acesso
Aproveitando, das tantas ondas, o movimento
Uma dança íntima, suave, é tudo que lhe peço

Banho-me no movimento da minha paixão
Medindo cada gesto com muita delicadeza
Ouvindo cada gota, ávido, com sofreguidão.
Insurgindo das ondas que brotam da incerteza

Desvencilho-me dos momentos vazios que me fizeram perder
Acredito na força súbita e bruta do efêmero prazer
Renovo a pele, as crenças e a sede de ser e estar
Mesclo tudo no absoluto deleite que é sentir o amar

Lena Ferreira, Angel Chagas, Gustavo Drummond, Bia Cunha & André Anlub

sexta-feira, 20 de abril de 2012

CÉU DE ABRIL




O céu de abril, tão claro
abriu meus olhos rasos
às tantas possibilidades
escondidas sob as folhas
de um outono duvidável
antecedido pelo mormaço
que secou-me a inspiração

Pedaço de azul, tão raro
mostrou mortas nos vasos
as flores e suas verdades
indicou certas as trilhas
pela mata dura, implacável
e li amor no forte abraço
quando registrei emoção

Em dores e sem amparo,
vi morrer todos os casos
nascidos da prematuridade
de precipitadas escolhas
em atitude inenarrável
e pro fim do meu cansaço
assisti sua exumação

Em cores, universo bárbaro
refez-se dos tolos atrasos
brotou do chão sinceridade
sobrevivi fora da ilha
encontrei paz inevitável
desenhada em novo traço
e ouvi uma nova canção.

Lena Ferreira & Dhenova

MAL NÃO FAZ



Fios de ovos preparei por saber que gostas
é uma sobremesa muito apetitosa
Passo a morrer em meu gostos para ser-te posta
E nasço quando te sacio e em minutos me devora

Doce deleite é a minha sobremesa favorita
Se não tiver uma fatia de queijo você enjoa
Receita dos deuses, saborosa e bendita
Prefiro arroz doce com condensado é uma boa

Num manjá de delícias nos experimentamos
E compomos versos com gostinho de quero mais
E eu quero mais paçoca para aguçar-nos até as onze e tantos
Pode até não fazer bem; mas mal não faz!

E se não faz mal podemos repetir sempre que a vontade incitar!



Binha cunha, Lena Ferreira, Gustavo Drumond & Angela Chagas

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A FORÇA QUE ME MOVE



Amanhece, e a escuridão que se fazia
dentro de mim, se foi... 
Breve, a emoção pelo novo dia
acontece assim, com ardor 
Firmes, os passos me reconduzem
á uma direção mais sensata 
Fortes, os traços me iludem
á uma concepção bem exata.

Lanço um olhar suave ao horizonte
que me acena possibilidades 
Absorvo com o piscar da asa do pássaro
a resposta dos bons ventos. 
Colho as poucas folhas da verdade
que se espalharam com o tempo 

Quiçá, ainda haja uma expectativa
Para que eu possa desfrutar da brisa fresca... 
Colher frutos maduros da serenidade
e sentir fortalecer-me a alma 
manter minha mente sempre altiva
varrendo a torpe imagem; tão grotesca

Anseio de fato a quietude, ela me levará
A percepção do que genuinamente me rege 
Regida por força intensa de amar
farei caridade de pétalas perfumada de versos 
com a certeza de que meu ser sempre estará
em harmonia com a força que rege o Universo



Angela Chagas, Dhenova, Lena Ferreira, Gustavo Drummond & Bia Cunha

quarta-feira, 18 de abril de 2012

CÚMPLICES



Levantei da cama, pus o chinelo trocado 
Troquei idéias comigo, preparei a mente. 
olhei-me no espelho, admirei uns novos riscados 
e desenhei nos lábios um sorriso contente.

O tempo reage e para mim, passa velozmente. 
A vida não espera, o momento é passageiro. 
Sigo seus passos rápidos, corajosamente 
De almas dadas, mãos unidas,, vamos inteiros.

Trilharemos caminhos há tempos sonhados 
existiram por nossas lutas e entrega 
dividiremos lençóis quentes e abençoados 
nossos olhares nos dispersam, eu corro e você me pega 

Levantaremos os dois juntinhos da cama, 
com a certeza de mantermos acesa essa chama 

Bia Cunha, Gustavo Drummond, Lena Ferreira & Angela Chagas

segunda-feira, 16 de abril de 2012

DE TROPEÇOS E RECONCILIAÇÕES



Lágrimas geladas ensaiam lavar meu rosto
Escorrem consigo o rímel, blush e batom
Ressinto na boca o tão conhecido ácido gosto
Silêncio lambe-me e apaga todo o som

Vejo a razão delirante a se esconder no canto
Tateio e tropeço nas lamentações passadas
Caio, inevitável, em um poço escuro de pranto
Espalmo o chão para proteger a face já machucada

Reverto a palma da mão e enxugo e sujo o semblante
Aspiro coragem, levanto-me e ensaio alguns passos
Nessa hora,os soluços doídos não são mais constantes

Lentamente me ergo, abaju aceso, fito a serenidade e nela me enlaço
Gradativamente me descubro, corpo teso, fita carmim e falsa..
Tateando a lembrança do teu corpo em mim num abraço
Silenciados e amantes reinventamos nossa valsa

Lena Ferreira, Bia Cunha e Gustavo Drummond

COLHENDO ESTRELAS



A tarde acena, deixando uma brisa morna de presente 
Sem alarde, beijando o rosto da noite chegante 
que traz na boca um bocado de estrelas cadentes 
reluzindo com estupor sombras, selvas, semblantes.

Estrelas estalam, piscam e guiam meu olhar ao lábios da paixão 
Vê-las distraídas, apascentam a minha alma, gris, abandonada.
Como se não fosse nada, mesmo carcomida pela corrosão 
Então eu abraço a lua, com a esperança de não ser repudiada 

De olhos fechados, ensaio um sonho onde vejo dois sóis; nós dois 
E nos cubro com o cobertor de nuvens, macias como o nosso sonho
Vejo imagens refletidas na água do lago sagrado e depois... 
Amanheço colhendo lembranças floridas que em versos componho 

Lena Ferreira, Gustavo Drummond, Bia Cunha, André Anlub, Angela Chagas e Márcia de Sá

DIARIAMENTE



Desdobre os vincos preocupados
Jogue fora toda a insatisfação
Estenda os sorrisos ensolarados
A sua alma precisa de redenção

Retire a poeira das duas vidraças
Deixe que ela voe para o infinito
Rasgue inteira essa cortina de fumaça
Deixe completamente livre o seu espírito

Cale o verbo sempre que julgar preciso
Mas, conjugue com ênfase o verbo amar
Vista, todos os dias, o seu melhor sorriso
E agradeça, pela dança da vida no seu versificar

Lena Ferreira & Angela Chagas

RECONSTRUÇÃO



Ainda que eu sofra, preciso sentir 
Preciso ver as pedras espalhando-se no chão 
Quero completamente me ver ruir 
E me re-conhecer nessa reconstrução 

Ainda que a noite não tenha luar 
preciso enxergar o que antes não via 
retirar as vertigens que me permitiram sangrar 
e aguardar o nascer de um outro dia 

O bom que ele sempre nasce... por fora ou por dentro 
e tem o dom de transformar a quem se permite 
quando me tranco, não desfolho apenas resseco, sem intento 
mas se me abro, a vida me abraça e nenhum mal insiste 

Ainda que eu viva menos triste, abraçarei as estrelas 
Deitarei na lua com travesseiro de nuvem 
Avançarei às noites permitindo-me vê-las 
sem permitir, não mais, que meus olhos turvem 

Angela Chagas, Bia Cunha e Lena Ferreira

BOM DIA!


Quando o sol clareia o meu viver, tudo parece mais simples.Vejo o reflexo dos meus pés no orvalho espalhado na relva, 
sorvendo a energia da grama para suavizar a longa caminhada...
Quando o sol vai subindo no céu, recordo o tempo em que alcançava os anos vinte,
onde paquerava os riscos e sonhava me casar com a ousadia - tudo era tão fácil e possível...
Não preciso de contas para unir os poentos e o tempo que resta, alinho-me.
Quando o sol vai despedindo-se, de mansinho, tudo parece prece agradecida.
Recebo o frio do noite, sem calafrio, e o breu não me apaga. Acendo-me...
Então canto para a lua, conto estrelas, beijo as nuvens de passagem,
transito entre dia, noite e outro novo dia para manter-me reluzente.
Ouço o canto do sabiá que anuncia a aproximação do arrebol.
Então sorrio; um sorriso simples de quem acredita na magia do recomeçar.
Ah, o recomeçar, é sempre uma fenda de um novo versejar que desponta.
E sempre que o doa clareia, sou o Sol que a vida incendeia...

Angela Chagas, Bia Cunha & Lena Ferreira

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ÁLBUM



Ainda ouço os passos pequeninos
travessos, arteiros, pela sala
e você ainda fala
que eles não estão mais lá.

Aí a saudade rebate no canto
provoca novo pranto e o coração
quer saltar...


O cheiro, as vozes, os choros
desejos impossíveis, gestos
tudo gravado na parede da memória
tempo algum conseguirá apagar.

É que a vida é saltitante de fato
mas as retinas retêm as imagens,
escolhidas feito álbum de fotografia
para imortalizar doces momentos.
.
Lena Ferreira/Marçal Filho
Rio/Minas
11/04/12

DÉLICATESSE




Desce a noite morna e suave
trazendo em cada ponta de estrela,
carícias doces, mansas, delicadas.


E vai seguindo, mansamente
visita corpos exaustos
cobrindo seus olhos com véu.
 
Solfeja nos ouvidos dos amados
segredos, palavras, encantos e desejos
depois parte sorrindo,
convicta de que cumpriu seu papel.
 
Então o dia nasce lindo e aguarda
nova noite, para encantar os sonhos,
eternos companheiros dos amantes.
.
Lena Ferreira/Marçal Filho
Rio/Minas
11/04/12