sábado, 16 de julho de 2011

ECLIPSE

(Daniel H. M. de Carvalho & Lena Ferreira)


Cedeu-me seus lábios...


Então olhei fixo pra cima

Em busca de seus olhos

Estavam fechados e trêmulos



Sufocado por um instante

Senti o gosto daquele desejo rosado

Tapar-me a boca ofegante

E calar minha língua intrometida



De joelhos lambuzei-me

Feito uma criança gulosa

Saboreando um sorvete

De néctar orquídea-selvagem



Cedeu-me poros, pele, pelos...

Inteiros, rendemo-nos aos apelos

seguidores de estrelas fartas

do céu de mel, de vinho e paixão



Cedi meu ar rarefeito em excesso

doei-lhe a Vida que em mim é farta

insensato que sou, verti três Sóis

e nu e cru clamei por razão



Mas já era tarde; dois corpos atados

jorravam pelos meios o melhor de nós

meu Sol, tua Lua, uma só poesia

eclipse sem fim, sem pudor, extasia...

 

sexta-feira, 15 de julho de 2011

IMPROVISA

escutando boa música

o verso cutuca

veste túnica

e nos empurra



vai lançando

ao vento

tudo quando

é lamento



meio que sambando

o verso avisa:

quem é do bando

chega e improvisa



improvisando

o grosso se alisa

quebra quebranto

enfim, sereniza!



Anorkinda e Lena Ferreira

AMAR SEM FIM


.

Foi por amar-lhe tanto e mais

que me fiz cativo, desse seu olhar

foi por saber-me, num desejo tal

que me fiz floral a lhe perfumar

.

Quero ser assim, um chamego bom

e toda meiguice para lhe entregar

pois se a sinceridade morar junto a mim

terei sempre seu carinho para me encantar

.

Foi por amar-lhe tanto, tanto e tanto

que atirei meus versos pelo vento

na esperança de alcançar o intento:

ter sua alma tocada e encantada

.

Quero ser assim, a rima mais que perfeita

com toda poesia que couber na inspiração

pois se a verdade morar em nós, completa,

teremos-nos, inteiros, num amar sem fim.

.

Marçal Filho & Lena Ferreira

Minas/Rio - 15-7-2011

MEDO


Jamil Estrela & Lena Ferreira







e se eu me entregar

a tua loucura



e tratá-la por cura

em dias de tédio?



e se eu aceitar

este tal tratamento



e tomar livramento

onde só há prisão?



E se eu me tratar

E fores paixão,



E fores embora

E enfim eu morrer?!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

DESPUDOR

Lena Ferreira & Jamil Estrela





na desordem do leito

dois corpos acesos,



versos, paredes, chão.



indefesos poetas

de rimas entregues,



coxas, seios, mãos.



veios

e

setas,



vãos

e

vontades,



extremos em gozo, prazer.



o delírio irrestrito,

morte à castidade:



querer, poder e fazer!

terça-feira, 5 de julho de 2011

BREU

BREU
(Lena Ferreira & Paty Ramos)

.
É tarde e a noite arrasta mil correntes
na cama, a alma afoga-se em pranto
saudade; choro solidão no canto
os olhos baços, frios, vão dormentes
.
A falta que torna as horas plangentes
Agonizo silente e não me espanto
Um breu que me abraça assim qual manto
trazendo as dores cãs, remanescentes

.
É tarde mas é cedo pra esquecer-te
é cedo, é cedo; e o medo instalado
de não te ter, jamais, sempre ao meu lado
.
Faz com que meu amor queira alcançar-te
mesmo estando tão frágil e abalado
sangrando, o peito espera, tão calado
excluir

sexta-feira, 1 de julho de 2011

AONDE DORME A VERDADE


Adicionar legenda


(Aglaure Corrêa Martins & Lena Ferreira)

Lágrimas que trago presas
salgando o meu riso tolo
aprisionando-me no labirinto
roubando-me do meu mundo

Acúmulo de escombro nos ombros
fardo que assola a alma
pesares de calma espantada
leito de águas rasas

Lágrimas que se desprendem
cascatas que jorram do âmago
a dor mordaz, enfim, se rende
repousam em berços humanos




BORDANDO


...
mente vaga
torce torço
terço, não
reza a reza
credo, cruz
cadê crença?

crê?

de repente
depende
desprende
e vaga
torço sorte
penso credo
rezo a lenda
e digo amém.

tem?

juro mentindo
que faço rir
despindo
pedindo
vá e não vá
fique e torça
reze amor
creia no credo
e no torpor

crível, isso?
nada muda
mudo fato
ato falho
valho tudo
vale, vale
caça, caço
coço mente
mente, mente
tece, tece
rola, rola
entornando
pela borda.

trans
bordando

( Lena Ferreira & Dani Maiolo )

LAVANDA



(Lena Ferreira & Fafá Gonçalves)

Anda, que a demanda de seus mmmm's ainda manda!

Vem, que meu eu contém o que não tem em qualquer cama!

Vem, insana, traz a cama e a chama dessa fêmea e me ama!

Anda, arda a fleuma fácil em mim e faça festa inteira; clama!


Dilata! Arrebata, arrebita, pois o eu que aqui crepita já me mata!

Deleito! Deleite! Sobre a mesa, sobre a cama feita e farta!

Acerta, na senda - oferenda - sê fenda e funda em mim nova pátria!

Ascendo! Acerto firme  - UniVerso - instalo-me, inteira, em teu poro,!


Vem, Lavanda! A pele, em apelo, chora...A face afogueada, cora..Tua alma incendiária imploro...

...tua boca, sabor fogo-canela chama-me e nela desfaleço; Vem, perfume em que me demoro...