segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

DE CANÇÕES E DIPLOMAS

Na retórica do tempo
traço nova trajetória
e me poupo do declínio
dessa falha tão inglória...

Há que ter um novo alento
e existir maior perdão
na ressalva que lhe deixo
vou trazer outra canção...

Pisarei no traço feito
tal e qual um equilibrista
que bambeia sem cair
e na vida é grande artista...

Eu terei outra esperança
comporei canção mais linda
pois das falhas fiz escola
meu diploma é minha vida


Marçal Filho & Lena Ferreira
Minas Gerais/Rio de Janeiro
28/12/2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

BURBURINHO

Mora em mim
O silêncio das águas
Que descem mansas
Pelo pequeno córrego
No fundo do quintal

Mora em mim
O silêncio das folhas
Que caem suaves no chão
E o vento se encarrega
De levar para bem longe

Pulsa em mim
O desejo do tranquilo
Onde minha alma grita
Porque o caos insiste rebater
Nesse barco que navega sem rumo

Trago em mim
Belezas de uma natureza pura
De folhas, de vento, de águas
De córregos, de silêncios e quintais
Mas, vivo perdido nesse burburinho louco...


Lena Ferreira & Marçal Filho
Rio de Janeiro/Minas Gerais
17/12/2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

ROUBO CONSENTIDO

Deixe-me roubar o brilho
Dos olhos que em tua face reluz
Deixe-me ser o andarilho
Desse corpo que me seduz

Deixe-me roubar do céu a lua
Para enfeitar a nossa cama
E eu te direi, de alma nua:
Sou aquela que muito te ama

Deixe-me roubar teus lábios de mel
E dele roubar um beijo
Matar, enfim, todo o meu desejo
E te darei um pedacinho do céu

Só não deixe-me roubar o teu sorriso
Esse que todos os dias me recebe
Dando-me mais vida e nem percebe...
Uma visão mais perfeita do que o paraíso

Mas roubo de ti, nem que me ignore
Esse coração repleto de viver
E o guardarei dentro do meu ser
Por favor, não me impeça, não implore...


(Sérgio Murilo & Lena Ferreira)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

DANÇANDO MÃOS

Dancei com as mãos o verso, certo e compassado
E trouxe, para as mesmas, para acompanhar
A poetisa dos punhos belos, alados
que faz de qualquer folha um palco a se bailar...

Dancei feliz nas asas de um verso sonhado
E trouxe-lhes as rimas leves feito plumas
Ao poeta que encanta com o seu bailado
A beijar as palavras tantas; uma a uma

Viram, de nós, ao cadafalso, um louco sismo!
E viram quatro asas, declamando a dança
oscilando, sem chão, adejando lirismo!...

Viram, e quando viram, o céu explodiu
em cores mil de inimaginável beleza
- reflexo dos versos que se produziu!

(Osvaldo Fernandes & Lena Ferreira)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PRENÚNCIO

Deixo-te, um verso, um rabisco
e um desejo...
o misto de uma candura,
a tarde, um sorriso e um afago
nos braços de outra saudade...

Deixo-te um verbo, uma letra
e um beijo...
a essência da minha jura
sem alarde, um suspiro que trago
nos braços da mais pura verdade

Encontro-te no prenúncio de nós
na busca constante do bem
pois nosso desejo é maior
que as juras que ousamos fazer...

Marçal Filho & Lena Ferreira
Minas Gerais/Rio de Janeiro

domingo, 13 de dezembro de 2009

O SILÊNCIO

O silêncio e a distância
causam rachaduras tais
que meu mundo se devora
famintamente a si mesmo

Engole meus sonhos e mais:
pensamentos e construções
levados por ondas de fogo
Em um mar de desespero e pavor

Faz-me antever os olhos de Hade
Na frieza que impera seu sub-reino
Olhar que traga o resto de luz
que a pobre alma luta por manter

Debato-me; é inútil - bem sei eu
Ao redor, são gritos e mil braços
Agarrando o fino fio de esperança
De ver nascer novamente o sol..



k.chiabotto e Lena Ferreira

INCONSTÂNCIAS

Refresquei tuas manias
Nas águas dos sorrisos
E castiguei os paraísos

Mergulhei minhas razões
Nas águas da tua beleza
E castiguei minha certeza

Amordacei tuas palavras
Nas águas dos meus beijos
E castiguei nossos desejos

Acorrentei teus pensamentos
Nas águas da minha lembrança
E castiguei nossa inconstância

(Anorkinda & Lena Ferreira)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

POUSA UM VERSO

Pousa sobre o leito um verso
Aquele por mim tão sonhado
Puro, leve, perfeito; imaculado
Capaz de inundar o universo

Verso de rima rara e preciosa
De uma sonoridade indizível
Inspira melodia indescritível
Em nota dissonante maviosa

Verso que traduza a sedução
Tão leve como a pluma a levitar
Que seja como a noite de luar
Cingindo a nota harmônica da canção

Que vista no poema um tom singelo
Um verso que deleite só prazer
E ainda que traduza um só querer
Rimando com amor um mundo belo.

Lena Ferreira & Marçal Filho
Rio / Minas
08/12/2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

NÉCTAR

Embriago-me do cheiro
desse néctar perdição
seus florais são meus apelos
nas esquinas da paixão...

Vou assim tal qual menino
com o brinquedo no olhar
sua fragrância embalando
o nosso jeito de amar...

Invadindo nosso leito
exalando no ambiente
circundando minha alma
colorindo-a mansamente...

Me deleito nesse encanto
da entrega do momento
e assim nos vem o amor
pleno de contentamento.

Marçal Filho & Lena Ferreira
Minas / Rio
04/12/2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

UM ENCONTRO NAS ÁGUAS

Abraça-me e sussurras...
veio de dentro de mim
e brilhou na água pura
verteu um amor sem fim

Afaga-me e deslumbras...
cheia de força, Oxum
sorriu-me em candura
num sorriso incomum

Que até o sol ofuscava
E de inveja ele sumia
Quando ela se banhava
Na cachoeira, água fria

Flores ao seu redor, tantas
Exalando o seu perfume
Seu caminhar nos encanta
É, do meu caminho, o lume

Encanta-me e depuras
esteio de minhas águas
refletiu-me a natura
espelho sem máculas

Despe-me dos ais e dores
quando lança-me o seu olhar
ensina-me o caminhar; amores
em fases mostra-me o luar

Anorkinda e Lena Ferreira

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

SEM INSPIRAÇÃO?

Tempestade de versos na mente
mas só o sereno caindo no papel
elevo as minhas mãos para o céu
lançando o meu olhar clemente...

Será que o vento é conivente
será que impede-me de juntar
rimas e versos às letras coerentes
será que eu não sei mais poetar?

A fúria de Zéfiro levou os versos meus?
A entressafra veio tirar minha razão?
Vou procurar a proteção de Zeus
e libertar minhas rimas do porão...

O poeta sem os versos enlouquece
empobrece se ficar sem o poema
entristece definhando sua alma
pois seu trauma deságua no dilema...

Não quero colecionar distúrbios...


Lena Ferreira & Marçal Filho
Rio/Minas
01/12/2009

domingo, 29 de novembro de 2009

NA BALADA

Deixei na balada um som
queria que dele gostasse
e fiz da querência do verso
o apreço que você sonhasse...

Nem sei se vai entender
as notas da minha canção
porém queria que ouvisse
e dissesse se sim ou se não...

Notas saídas em compasso
na cadência do meu coração
loucas para atar-se em laço
para sua alma cantar o refrão...

Mas tudo será sonho vão
se não responder-me logo
ouviu? entendeu ou não?
Ouça com o coração; eu rogo...

Deixe o apreço sorrir
para compensar a razão
deixe a canção existir
pra desenhar a emoção.

Marçal Filho e Lena Ferreira
Minas/Rio
29/11/2009

INTERPRETANDO A VIDA .

No palco de nós, eu sou muito feliz
Sorrio diante de grandiosa platéia
Sem saber que, em mim, há uma atriz
São aplausos de pé desde a estréia...
.
As cortinas não escondem o rosto
E as luzes deixam tudo em evidência
Por trás do sorriso, emoção sem gosto
Fim do espetáculo! Silêncio da existência!
.
E, foram-se aqueles que aplaudiram
Sozinha, no palco, fiquei sentada
De ver a minha atuação,desistiram...
Sem aplausos da platéia, não sou nada!
.
Deixando de interpretar, entro no camarim
Lá olho os espelhos e vejo a solidão
Pego a maquiagem, passo um batom carmim
Saio para a vida, grande palco da ilusão...
.
Lena Ferreira & Janete do Carmo
Rio/Palestina
28.11.09

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

VERSO VENCIDO

Um verso meio torto veio
capengando em contramão
derrapou nas artimanhas
escorregando na paixão
quando quis ficar distante
do poema decadente
ficou preso à rima então...

Debateu-se, fez pirraça
suas asas querendo soltar
romper o elo da corrente
queria, livre, no vento voar
já cansado e muito abatido
soltando um mudo gemido
melhor mesmo é me entregar...

E assim verso vencido
num poema distraído
com um tema singular
discorreu noutra vertente
revidou inconseqüente
sem nenhum aviso prévio
novamente quis mancar...

Mas tomado de outro impulso
mudou de meta e percurso
resolveu se apaixonar...

Marçal Filho / Lena Ferreira
Minas/Rio
26/11/2009

OLHAR FELINO

Olhos de retirar-me a calma
De todo meu corpo percorrer
De invadir toda a minha alma
De avivar o que estava a morrer...

Brilho que cativa meu encanto
Manto que protege meu sonhar
Seiva que transborda em meu ser
Dádiva das noites de luar...

Chama que acende o meu peito
Que mantém aceso o meu viver
Tento desviar mas não tem jeito
Impossível esse olhar me esquecer...

E se assim se fez; assim será
Deixar-me-ei docemente conduzir
E que a cada brilho desse olhar
Se faça mesmo tão feliz meu existir...

Lena Ferreira / Marçal Filho
Rio/Minas
25/11/2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O VESTIDO AZUL DA OXUM

Vestida de azul, deusa das claras águas
Carrega no rosto um sorriso tão sereno
Parece beber todas as nossas mágoas
Na expressão, semblante doce e ameno

Vestido tão belo, como não existe nenhum.
Quem não crê, na dúvida, sai de perto,
Pois não há quem resista a Oxum
Rodando no terreiro, esparramando encanto.

No cabelo tão lindo, mil enfeites de ouro
Dançando na roda, vai e espalha o tesouro
De bençãos aos filhos que vem lhe saudar.

Eli Yéré Ó, todos cantam e batem palmas.
A paz e a beleza invadem as almas,
Enquanto no seu abebé, Oxum segue a se mirar.

Lena Ferreira & JL dos Santos - em 24/11/09

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

QUE ASSIM SEJA, AMÉM!!

Ao desdém, o meu sorriso
que sorrir me faz melhor
porque sei que seu desprezo
não condiz com meu desejo
pois não viverei mais só...

Quando vi sua amargura
tive pena e tive dó
mas a vida me ensinou
que o que passou; passou
a alegria é o bem maior...

Ao desdém, o meu sorriso
solto frouxo pelo vento
de ser feliz, eu não desisto
Alegria! Eu não resisto
Espanta logo o sofrimento

Quando vi sua amargura
eu roguei ao Pai Eterno
Acalente a sua alma
Retire a tristeza e o trauma
Põe no rosto, um sorriso terno.

Marçal Filho & Lena Ferreira
Itabira MG / Rio de Janeiro
23/11/2009

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

VERSOS EXTREMOS

Gritei o teu nome bem alto
Mas não era um chamado
Apenas tentei jogar fora
Esse amor desesperado

Meu grito rompeu a ferida
Que ia guardada no peito
Sangrou minh'alma e aflita
Manchou de pranto o leito

Sangrei por horas a fio
Imaginando expurgar
Essa dor tão lancinante
Para o amor não mais guardar

Fui ao extremo da anemia
Mas foi em vão o empenho
E hoje, nessa triste poesia
Implorar por tua volta venho

( Arabela Morais & Lena Ferreira )

OFERTA

 
Quando a lua no céu desponta
Trazendo uma estrela consigo
A relva inteirinha se apronta
E ao sereno vai dar bom abrigo

E aos primeiros alvores da manhã
Pela magia da madrugada
Vê-se a relva despertar, louçã
Em brilhos de pérola, orvalhada

Brota um doce aroma da terra
Leve brisa, as pétalas, descerra
Para aspirarem esse ar renovado

Frescor que ao novo dia, ofertado
sorvem os raios sedentos do sol
até extasiar-se ébrio, no arrebol.


Lena Ferreira & Sônia Tarassiuk

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ALMA AFOGADA

Quero correr ao vento mas não posso,
Meus pés cansados não saem do chão,
Procuro aquele canto que era nosso
E passo o dia em plena solidão.

Relembro os dias passados, tão felizes
Em que enroscava-me em seus braços
Mas por conta de seus tantos deslizes
Transformamos em nós o que eram laços


Saudade..Destino cruel, algoz
Trespassa como lâmina afiada,
Meu coração, e deixa-me sem voz,

Sem forças pra seguir a caminhada.
Meus olhos desaguando qual foz
Encharcam meu peito; alma afogada..

(Camélia La Blanca & Lena Ferreira)

domingo, 15 de novembro de 2009

REENCONTRO

Olha, amor
Nada há de perdida
Na palavra não dita
Neste louco versar

Olha, amor
A poesia banida
Foi assim arredia
Jogada no mar

Veja bem
Se pensares um pouco
Verás: não sou louco
Só quero te amar

Veja bem
Amar-te eu preciso
Beber teu sorriso
E me embriagar...

Se não fores
Prefiro o abismo
Este negro conciso
Essa falta de amar

Se tu fores
Seremos assim
Tão perfeitos
Teu amor em meu peito
E eu querendo te amar

Ouça, então
O marolar ali na praia
E a maresia que ensaia
Ousada, a desejar

Ouça então
A canção do meu pranto
Dizendo: te quero tanto....
Vem, de novo, me beijar...

(Márcia de Sá & Lena Ferreira)

VIAJANTE DO TEMPO

Viajante do tempo, em ti viajo
No passado de nós dois, bem lá ao fundo
Em barcos navegando noutro mundo
Onde sonho de amor virou andrajo

Repassando na memória todo o desejo
Que gritava momento do encontro
Talvez ainda não estivéssemos prontos
Mas... Deus! Como era gostoso o teu beijo...

Cada toque era um arrepio, um calor
Sonhos e fantasias afloravam a cada sorriso
E eu acreditava, sim, acreditava, ser amor

Mas hoje, viajando em teu corpo; indeciso
Senti pelo meu corpo um frio intenso; tremor
Percebo que voltar a esse mundo eu preciso...

k.chiabotto e Lena Ferreira

sábado, 14 de novembro de 2009

CÚMPLICES

Mil suspiros versados
Sob o negro céu, imenso
Estrelas testemunham
O nosso ousado valsar

Sussurros de alento
Em nossas passadas
Acendem as luzes do amar
Que cobrem o firmamento
De mãos dadas
Com o doce luar

Brisa suave suspende os braços
Atando, em nossos pés, o compasso
Num ritmo cadenciado; terno abraço
Valsamos ao vento, num eterno laço


E a sinfonia, cantada por anjos
Semeando cumplicidade
À cada verso, o amor em seu arranjo,
Orquestra poesia
Escrevendo felicidade

(Lena Ferreira & Heitor Murai)

SONHOS DO PASSADO

Às vezes, viajo de volta ao passado
E uma melancolia boba me domina
Uma música romântica toca ao lado,
São lembranças da quase-menina!

Bate na porta do meu pensamento
A tua imagem que a mim seduzia
Ouço a canção e revivo o momento
Em passos suaves tu me conduzias

Enquanto aquela orquestra tocava
A letra, que de cor já conhecíamos,
Trocando olhares, coração sonhava...

E nesse sonho, éramos tão felizes
Mas, infelizmente a vida tem deslizes...
Ah...Se pudesse, juro: não acordava!

Telma Moreira & Lena Ferreira (16-07-09)

DESPINDO-SE EM FASES

Dispo-me sob a luz de velas
E pelos teus olhos,
Que me cobrem com ardor,
Insaciavelmente!
Ruboriza-me o pudor...

Rasga-se o véu da decência
E, na meia luz, por meia noite
Minha metade inteira e a tua
Alumia o quarto inteiro

Dispo-me sob o brilho da lua
E o piscar das estrelas...
O teu corpo me cobre de amor
Possessivamente,
Colhendo-me em flor...

Visto-me de puro amor
E minha pele nua
Exala o perfume de ti
Serenamente e alastra-se
Pelo ambiente, colore o céu
Nosso quarto em crescente

Desejo-te inteiro sem minguar
A delicada violência do ato
Faz-me nova...


Telma Moreira & Lena Ferreira

DEVANEIOS

Somente esse frio me habita...
Consumindo meu corpo e alma!
Seu silêncio me dói e conflita
E nem essa noite me acalma...

Seus passos mudos, eu ouço
Sua voz salivada; pressinto
De seus traços tenho o esboço
Gravados na pele; não minto

Em mim, essa vontade louca,
Ceder ao vício que não devo,
De beijar de novo a sua boca...

Verdadeira sensação, descrevo
Mais um pouco, ponho-me louca
Ao rememorar o nosso enlevo...

Telma Moreira & Lena Ferreira (25/26-07-09)

INSANIDADE

Tu'ausência enche minha noite
Já não consigo mais suportar
Corta minha alma feito açoite
Em minha garganta falta o ar

Deliro, imaginando tua boca
Beijar outra que não a minha
Dói-me o ciúme, como louca,
Firo a carne na dor, sozinha...

Essa insanidade a noite corta
Rompe o clarão da madrugada
E ouço passos, detrás da porta

Vejo perplexa, que nasce o dia...
E dessa noite ficou quase nada,
Só tua ausência na cama vazia!

Lena Ferreira & Telma Moreira ( 26/27-07-09)

CHUVAS E LÁGRIMAS

Não gosto de chuva...Lembra lágrimas!
O céu está triste, os anjos choram...
A lua se escondeu, nuvens cármicas
Punem os aflitos que ainda esmolam!

Alagam os nossos jardins, tantos
Encharcam os lençóis com águas
Faz-me lembrar meus prantos
E recordar minhas tantas mágoas

Quando fraca, a infância me volta,
Minhas carências, um infinito frio,
Se vem forte me traz toda revolta
Solta meus medos, mesmo desafio...

Então, cubro com as mãos o rosto
Desviando da triste chuva, o olhar
Para não recordar-me do desgosto
De ver-te partir e não te acompanhar!

Telma Moreira e Lena Ferreira (27-07-09)

VERSOS PERDIDOS

Ventania levou minha inspiração
Que descansava ao meu lado
Assustado, acelerou meu coração
Como pude ser tão descuidado?

E enquanto esse vento dispara
Pra longe, tão rápido e tão forte
O verso, do poema se separa
E a rima confusa, teme a sorte!

Pobre verso; rumando ao norte
Desavisado do que encontraria
Deixou-se levar assim; à revelia

Mas, quem sabe, lhe dê suporte
Novos ares, brisa leve ou arredia
E, encantado, gere outra poesia?

Lena Ferreira & Telma Moreira – 16-08-09

AMOR PROIBIDO

Encontramo-nos,
Entre amigos ou na multidão sem nome...
Enquanto nossa voz fala de coisa à toa
Disfarçando o que somos,
A imaginação voa... e a palavra some!

Olhamo-nos,
Olhares tímidos, face ruborizada
A voz embriagada de sonhos
Mãos nervosas a ocultarem vontades
Lábios mordiscados nos cantos

Falamo-nos...
No significado de tudo dizer calado,
Desejo de fazer o que não devemos,
Tanto e tanto, entendemos
A linguagem de nosso olhar cruzado!

Tocamo-nos!
E foram toques tão sincronizados
Um balé de desejos tão alvoroçados
Rendidos, os dois, ao insano pecado
Do total prazer... Sem ser notado!

- Separamo-nos, como dois meros conhecidos,
Levando a cumplicidade implícita desse amor proibido...

Telma Moreira & Lena Ferreira – 16-08-09

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DESCASO

Vejo um céu abrindo cortinas cinzentas
Vejo o meu chão afundando, esmaeço
Línguas de fogo, dança maldita...estremeço
Árvore caída, geme a terra em mãos opulentas


Vejo as águas dos, lagos rios e oceanos
Poluídas; tantos peixinhos apodrecendo
Vejo a natureza tão linda se degradando
Vejo a urgência de reverter esses danos

Vejo o que muitos não querem ver
Omissão, descaso , poluição descontrolada
Pássaros sem ninhos, onde vão viver?

Artéria pulmonar entupida e empoeirada
Atentem: se agora, já, nós não fizermos nada
Será o fim da humanidade, podem crer

Diná Fernandes & Lena Ferreira

domingo, 8 de novembro de 2009

NÃO SABE?

.
Eu não sei se você sabe
e não quero te julgar
mas no canto da memória
preso tem a nossa história
conjugando o verbo amar...

E não sei se você sente
e não quero te impor
mas no canto da sua alma
eu enxergo tanto trauma
recordando antigo amor...

Eu não sei se já te disse
se não disse vou dizer
esse trauma é do passado
venha fique do meu lado
que te ajudo a esquecer...

Eu não sei se já mostrei
se não mostrei, vou te mostrar
os meus olhos são o espelho
que lhe deixam assim, vermelho
quando refletem o verbo amar...

(Marçal Filho & Lena Ferreira)
Minas Gerais / Rio de Janeiro
08/11/2009

PRETÉRITO IMPERFEITO

.
Ah! Se ele soubesse ler a essência minha
Se soubesse...dispersaria a maresia;
Gotículas de amarguras, densa e fria
E aconchegando-me ao seu peito, diria:
- Serei navegante em seu mar, constante
.
Se eu lhe fizesse saber da carência minha
Se dissesse... concretizaria a utopia;
Respiraria vida pura, noite e dia
E entregando-me em seu leito, seria
A louca viajante desse amor, distante
.
Se ele pudesse perceber a ausência minha
Se pudesse... seria minha companhia;
E despiria a armadura, e sorriria
E me enroscando em seu jeito, faria
O amor embriagante sem cessar, rompante.
.
Ah...Se ele quisesse...Eu não seria minha
E se quisesse...Definitivo eu me despediria
Dessa arrogante senhora: Dona Agonia
Que me entorpece numa dor cortante
.
Se ele dissesse...Vem! Sê somente minha!
Se sussurasse meu nome...me lançaria
Na imensidão de desejos contidos; arderia
Nos seus laços-abraços; a alma entregaria
Levaria à eternidade a imagem desse instante
.
Lena Ferreira & Wasil Sacharuk

NO JARDIM DAS TROVAS

As trovas vão-se formando
estrelas no céu vão surgindo
com a Lua nos encantando
um belo poetar vem reluzindo

E quando o dia amanhece
O sol se põe sorrindo
O nosso jardim ele aquece
E as flôres vão se abrindo

O dia mansamente escorre
a tarde já vem chegando
com pássaros anunciando

Um sarau de belas poesias
E as flores em harmonia
Cantam o dia enquanto ele morre

Lena Ferreira & Sérgio Murilo

INSANIDADE

Língua aquecida
Distorcendo o pensamento
Verdade proibida
Debatendo-se com o tempo

Abraço apertado
Envolvendo o movimento
Saudade do ato
Dissolvendo-se no vento

Cabelo embolado
Embaraçando o discernimento
Tesão redobrado
Tocando-se, sem constrangimento

Boca atrevida
Lambendo o firmamento
Emoção incontida
Aguardando o acontecimento

Fala comovida
É o seu fim, seu livramento
Vem e me convida
Insanidade do momento

(lena Ferreira & Dhenova_

sábado, 7 de novembro de 2009

VERSO DISCREPANTE

Parece um verso perdido
Mas é o alívio do meu coração
Meu estulto lamento rimado
O meu pequeno sonho inacabado
Minha triste oblação.

Parece um canto aflito
Mas é o alento bendito
A toda minha consternação.
O que acarinha meu ser combalido
É este opresso verso descabido
Um pequeno laivo em minha solidão.

Parece um verbo discrepante
Mas é a certeza mais certa
Meu grito solitário e silencioso
Que liberta a dormente fera
Que habita silente em meu coração.


Parece um tanto com tudo
Mas é nada diante da guerra
Travada por armamento mudo
E eu sigo; caminho e contudo
Meu verso me rasga a razão...


Viviane Ramos & Lena Ferreira

CONSTELAÇÃO

Tudo o que mais quero agora
É que repouses tua boca em mim
Percorrendo meus caminhos assim

Que gota a gota pingue sem cessar
Teu sal e mel retemperando o desejo
E engula com teu beijo o meu pensar

Que te aposses de meus sonhos
E descubras meus mais ousados anseios
Explorando com tua boca os meus seios

Que sacies a tua e a minha fome
Pescando estrelas no céu da minha boca
E pouco a pouco tu me ponhas louca

Enquanto me possuis e gritas o meu nome
Vais dizendo que me ama
Trocando estrelas pela nossa boca

E uma constelação delas se derrama
Inteirinha em nossa cama...

(Marlene C N & Lena Ferreira)

COMBINAÇÃO PERFEITA

Pétalas vermelhas a perfumarem o leito
Lua prateada, na janela, pendurada
Um lençol de seda produzindo o efeito
Combinação perfeita à sua pele acetinada

O mundo parado para decorar seu jeito
Nua enfeitada, seduzida, enfeitiçada
Garras pontiagudas a arranhar meu peito
Combinação perfeita à sua fome alucinada

O quarto move-se; acompanha seu trejeito
Lua, casta e pura, deixa a janela, ruborizada
Pétalas, suor, cama ardente, lençol desfeito
Combinação perfeita à nossa fome saciada

De todos os sabores que eu provo, satisfeito
Sua boca linda, tão vermelha, tão molhada
O mergulho sedutor do seu olhar suspeito
Combinação perfeita à nossa sede embriagada.


(Lena Ferreira & Wasil Sasharuk)

M(EU) MUNDO

.
Es(vai-se) o ar
Suf(oco)
Descom(passo)
O tem(po)
In(sano)
Um ven(to)
(So)pro
M(eu)
Ch(oro)
Lágr(imas)
Az(uis)
Des(perto)
Cl(amo)
A c(alma)
Min(ha)
(Vi)da
En(volta)
N(um)
M(ar)
Verda(de)
Cintil(ação)
Po(ética)
Ins(piração)
As(sim) gira
M(eu) mundo...
.
Lena Ferreira & Aglaure Corrêa Martins

VERSOS DEPRAVADOS

Sei que parece demência
esta minha ânsia depravada
sentida na transparência
da luz atravessada

Sei que parece ilusão
o meu ensejo mais puro
misturado a emoção
o segredo obscuro

Sei que parece pecado
esse meu querer imenso
quando estamos lado a lado
o meu corpo todo tenso

Sei que parece sonho
esse absurdo desejo
enquanto eu componho
é nos versos que te beijo

Dhenova & Lena Ferreira

VENTO NO MAR

Uma brisa sopra morna
E adentra a janela
Rodopia, dá risadas, abraça-me e leva-me

Entrego-me a esta brisa , plenamente
E solta, sinto transformar-me em vento
Sobrevoando o mar que me chama, em chamas
Mergulho, vou ao fundo e me aqueço

Minhas chamas misturam-se ao vento e ao mar
Transformo-me em rimas para amar
Completamente entregue a esse versar

Sigo neste bailar de plumas e brumas
Onde seu vento e meu mar se abraçam
E dessa mistura, densa e inimaginável
Imensamente palpável aos olhos claros
Descubro a minha essência nata

Beijando o perfume da lua
Amando o amar neste espaço
Minha alma nua revela o segredo

Vivemos no vento....
Raramente neste espaço
Onde o solo se faz denso
Sou apenas um ar...um abraço
E então, serena, eu penso
Maremoto num mormaço

(Márcia de Sá & Lena Ferreira)

REENCONTRO

Os meus tristes versos jogados ao vento
foram acolhidos pela doce rima
dos teus versos que em tão belo momento
transformaram nosso amor em obra-prima.

Os teus tristes versos tocaram em mim
Como o flautista toca uma melodia
Dos olhos, lágrimas escorreram e enfim
Renasce o nosso amor; linda poesia.

E no enlace do teu verso com o meu
tamanha felicidade acometeu
tornando nosso caminho bem florido.

Da tristeza de outrora, restou nada
Seguiremos novamente pela estrada
Vivendo esse amor nunca esquecido.

Marinho Gil & Lena ferreira)

DENSIDADE ( três almas, um poema)

Enganam-se os que julgam-me pelo sorriso
Que na minh'alma não alimento dores
Pois em mim nada há do que dizer-se preciso
.
A não ser a ânsia louca pela vida; mais nada
Julgam-me por esse sorriso espontâneo
Farto; larga calçada de poesia embriagada
.
Sequer sabem das dores camufladas
Que carrego no meu pesado peito
Dos pedregulhos pisados pelas estradas
.
Não avaliam o causado efeito
em mais uma dura jornada
De tornar feito o que foi desfeito
e ainda rir como se fosse nada

Lena Ferreira, Cleusa & Dhenova

VERSANDO NO FIRMAMENTO

Canção
Cantada com mão
Inverso
Que busca o verso
Toada
Conto-de-fada
Procuro
Uma dama alada
Que valse
Ao tom da balada

Emoção
Que o coração digita
Receber
Um convite em verso
Meu peito
Logo se agita
Dançando
Sonata ou lira
Cantada
Neste compasso

Debruço os ouvidos aos seus passos
Deito minhas asas em seus ombros
E me deixo levar

Pelos versos seus
Pelos versos meus
Pela nossa dança
Pelos ventos meus
Pelos passos seus
Pela nossa ânsia

De ver valsarem, aladas
Letras em verso-sentimento
Nos salões do firmamento

(Celso Mendes & Lena Ferreira)

ONDE ESTÁS

Estás nos meus pensamentos
Na minha brandura
Nas minhas mãos de poeta

Estás nos meus sonhos
Nos meus segredos
No mar que embala o sonho meu

Estás nos meus desejos
Nas entrelinhas dos meus versos
No sol que nasce todo dia
E também no entardecer...

Estás a todo momento
Dentro e fora de mim
Nas minhas inconstâncias
Nas reentrâncias tantas

Invades minha privacidade,
Remete-me a doce infância,
Leva-me também à loucura

Bailas comigo ao vento frio
Rodopias na corda bamba que é minha vida
Equilibras os meus pólos acelerados
Compassas o meu peito desafinado
Fazes soar em mim os benditos sinos do pecado

(Amélia Morais & Lena Ferreira)

O ATAQUE VORAZ

Na fineza deste sentir
Em mágico transporte
Sensualidade a imprimir
No duelo do mais forte

Minha alma te incompreende
Meu corpo tanto te busca
Em meu verso, tu se rende
Mas teu cheiro me ofusca

Dobrei-me às leis da tua carne
Convencido pelo teu perfume
Restou-me a roxa e nua epiderme
E a espera, em esperança vagalume

Em resposta a declaração tua
Todo meu corpo faz-se arrepio
O perfume da minha pele nua
Atacando-te a sangue-frio

Minha alma incompreendida
Desfila, fagueira, no corpo teu
Numa atitude voraz e atrevida
Enredando nada mais que é meu

Cenário refeito, em letras e história
Murmúrio de vozes cortando amplidões
Mantenho aquele ataque na memória

Agora, nas noites deste chão, noites serenas
A carne, ainda trêmula, único álibi, da verdade
Então, vou curtindo as loncas destas penas
Que se manearam comigo, na SAUDADE!

Decimar Biagini e Lena Ferreira

CORAÇÕES OCEÂNICOS

.
Meu amor é como o mar...
Cheio, morno, encantado...
Leva os veleiros adiante...
E observa os raios distantes
Aquece com o sol de teu céu
Que brilha prateado ao luar

É como espuma de ondas na areia:
Permeável, úmido,denso
Absorve a essência de nós
Levando-a ao oceano tranqüilo
De nossas almas enamoradas


Corações oceânicos
Vindos de outras terras
Maremotos de sensações verdes
Tantas ondas de paixão e sussurros
Em uma eterna ressaca de amar

Ondas de ( a)mar novamente
Chocam-se em mar aberto...
Vencidas pelo doce cansaço
Deslizam, levadas pelo vento
Engolidas pela quente areia
Evaporam-se em gozo de brisa

(Márcia de Sá & Lena Ferreira)

ENCONTRO

Onde o céu encontra a terra
Sendo no meio do mar
Lá onde a felicidade se encontra
É lá onde eu quero estar

Mergulhar em ondas claras
Ir tão fundo, num (a)mar infinito
Em suavidade rara
Verei tudo mais bonito

Nesse encontro tão perfeito
Entre o céu, a terra e o (a)mar
Todos os nós serão desfeitos
E um único ser a contemplar

Neste embate infinitivo
Entre o eterno e o princípio
Ora sou chuva, ora poeira
Viajo até o fim do mundo
E perco-me no meu início
.
(Valdemir Costa & Lena Ferreira)

PALAVRINHAS TRÔPEGAS

.
Tropecei na sintonia fina
A palavra soou meio torta
Foi aí que o ai da menina
Foi ouvido: sai ( pela porta)
.
Fiquei sozinha na tarde
Sem saber que a vizinha
Entendeu pela metade
Foi dito: oi, amiguinha
.
Bambeei um pouco pra esquerda
Depois, pra direita eu me ajeitei
Tentando consertar essa perda
Foi aí que mais ainda eu tropecei
.
Gritei, chamei por ela!
Mas a amiguinha escrevia
Percebi, pela janela
Que uma poesia nascia!
.
Lena Ferreira e Anorkinda

PALAVRINHAS TRÔPEGAS

.
Tropecei na sintonia fina
A palavra soou meio torta
Foi aí que o ai da menina
Foi ouvido: sai ( pela porta)
.
Fiquei sozinha na tarde
Sem saber que a vizinha
Entendeu pela metade
Foi dito: oi, amiguinha
.
Bambeei um pouco pra esquerda
Depois, pra direita eu me ajeitei
Tentando consertar essa perda
Foi aí que mais ainda eu tropecei
.
Gritei, chamei por ela!
Mas a amiguinha escrevia
Percebi, pela janela
Que uma poesia nascia!
.
Lena Ferreira e Anorkinda

COMPLETO (O) DESTINO

.
Em fortes emoções
intensas, de cor vermelha
Declaro em versos:
Sou um ser livre!

Leve, viajo pelas letras
Rabisco minha essência
No ar; respiro novos ares
Pelos mares, descubro
Novos rumos; meu prumo

Em cores seduções
da pele, tudo se assemelha
ao interno livre
da viagem dos meus versos

Em línguas diversas
Sintonia completa
Perfeição quase exata
Força abstrata
Um sentir repleto
Satisfação

Viva, versejo
o enlevo das emoções
Lugar dos devaneios
que me diz completa
e sou feliz

Viva, em verso, completo
O que o destino
Me diz

Anorkinda & Lena Ferreira

EU SOU AS ESTRELAS ( três almas, um poema)

.
Eu sou as estrelas azuis
Piscantes no início da noite
Chego de mansinho, serena
Desperto a sonolenta lua
.
Eu sou as rosas estrelas
Amantes da cor morena
Cuido com carinho, afago
Delicio o brilho da lua
.
Eu sou as estrelas cadentes
Vago no infinito universo
Buscando em meu verso
Alcançar a branca lua.
.
Sou pó, de prata, salpicado
Nas rotas das naves-pensamento
Sou madrepérola iluminada
Decorando os arredores da lua
.
Venho irradiar a luz do dia
Em plena noite densa
Sou faísca de fogo fátuo
Beliscando as bochechas da lua
.
E sendo estrela, rosa, pó, fogo e luz
Sou ainda tão pouco ante ao que me conduz
Então me abro, inteira e nua...
Para, quem sabe, parecer ser a própria lua.
.
Lena Ferreira, Anorkinda e Viviane Ramos

BAILAR INSANO

Ser louco é abrir as caixas
É deixar voar...esquecer limites
É entregar-se a mente
Enquanto ela mente seus abismos

Ser louco é permitir-se ao mundo
De riscos, sem medos; aberto
Deixar-se levar pelo vento
Deixar-se arder em fogo intenso


E as labaredas da sanidade esfriam
E as substâncias estacionam lentas
E eu viajo neste mar sem rios
E abraço nuvens de poeiras sedentas

No percurso dessa insana viagem
Ando sobre brasas; descalça e nua
Gotas de sereno sobe-me pelos pés...


Enquanto meus neurônios bailam
Faz-se festa em minha mente
Transformando-me neste sentir latente

(Márcia de Sá & Lena Ferreira)

ALMA DESAFIANTE

Não sou Poeta
Deixo fluir toda a imaginação
Algo acontece,estou oca
Sinto uma verdadeira oclusão.

Dias em que me abalo
Solto-me em devaneios
Mente sem nenhuma evolução
Então eu sofro...e me calo!

Calada, observa-me a alma minha
Desafiante e soberana e calma
Sinto que não estou sozinha
Vem-me os conflitos e traumas...

Respiro o meu pensamento
Regurgito palavras mortas
E aqui, nesse exato momento
Para os medos, fecho as portas.

Fiquem por aí, não me perturbem mais
Deixem-me escrever, soltar meu grito
Sinto e sei, sou...sou sim e bem capaz
Com meus versos, alcançar o infinito!

Angela Chagas & Lena Ferreira

FILHO ÚNICO

.
Dê o seu melhor em tudo
Não deixe passar a chance
Não silencie, não fique mudo
Não olhe com olhar de relance
.
Arrisque-se, seja diferente
Acredite no seu potencial
Seja natural, convincente
Você é filho do magistral
.
Ouse mas respeite seu irmão
Voe e carregue alguém contigo
Vazia, não leve nunca a sua mão
Seja sempre um bom amigo
.
Cultive um canteiro de amor
Regue com carinho e fervor
Curta sua vida com ardor
Seja o seu próprio benfeitor

Angela Chagas & Lena Ferreira

POEMANDO

Poesias : São minhas excitações
Em alma , faz referência em versos
Dos amores , dores , emoções..
Me entrego em papéis diversos

Um poema , um soneto ...
São ramificações do meu coração
Sentidas em mim , num dialeto
Que arquiteta minha emoção

Rimas; as minhas encontram a tua
Inspirações buscamos aqui e na rua
Salpicamos sentires alheios; bonito

Versos que rasgam a alma; nua
Saltam da garganta num mudo grito
E ecoam muito, muito além do infinito

(Ana Maria Marques & Lena Ferreira)

OLHAR VAGABUNDO

Esse seu olhar vadio
Meu avesso revira
Feito um macho no cio
O meu corpo delira

É tanto calor; sinto frio
A minha mente pira
Ele me invade, me toma
Me olha e escandaliza

Meu corpo umedece
E toda a pele arrepia

Nesse olhar vabundo
Meu corpo estremece
Um olhar tão profundo
Meu desejo enfurece
.
(Lena Ferreira & Márcia de Sá)

VENTO DO SUL

.
Vento suave vindo do sul
Varreu as poeiras da mente,
Chegando tão serenamente
Transformou o negro em azul
.
Vento suave e certeiro
Chegou tão de mansinho
Suave, ajeitou seu ninho
Fazendo limpeza primeiro
.
Vento, muito te agradeço
Tiraste a venda de mim
Após repousaste assim
No peito onde te aqueço
.
Vento em sereno descanso
Cumpriste tua missão
Reviraste a escuridão
E transportaste um remanso
.


Bendito seja o teu soprar
Realizador de mudanças
Após minhas tantas andanças
Ascende a luz em meu caminhar
.
(Lena Ferreira & Anorkinda)

ATITUDE

Rasguei os véus da mentira
Abandonei as tiras da insanidade
Meu ego não chora; hoje dita
Impondo as minhas verdades

Hoje caminho sem culpas
Sem minha algoz; crueldade
A cada passo, uma permuta
Crescimento e serenidade

Desnudo-me nessa realidade
Sou Diana, Deusa Arqueira
Revelo-me plena; felicidade
Diante de mim, enfim verdadeira

(Virgínia Torquato & Lena Ferreira)
"OUSADA"


Toma-me! Quero viver o delírio
Quero volúpias do coito ousado
Antever no gozo, o regalo martírio
Na entrega profana viver o errado

Quero o prazer não permitido
No social, o sagrado ensinado
Alço vôo; excita-me o proibido
Quero, do amor, o prazer profanado
.
Toma-me! Toma-me! Não sou santa!
Excita-te e provarei do teu acre gosto
Mostrar-te-ei como tu me encantas
Quando, de leve, acaricias meu rosto
.
Quero a tortura do teu toque demorado
Percorrendo minhas curvas e estrada
Mostra-me do que és capaz, ó amado
E mostrar-te-ei o tanto que sou ousada

( Virginia Torquato e Lena Ferreira )

O ESVAZIAMENTO DA POETISA

Nestes meus dedos que rimam
ao comando da intuição
Percebo um fluxo a escapar
Versos, ao riscar da pena
Levam consigo parte do meu eu
Doando-me, inteira, deixo-me ir...

Nas asas do devaneio meu Ser
poetisa, invade o mundo
das letras serenas
Leva um canto suave; ameniza
Da pena o peso breve e vai...

Segue, restaura, reanima a chama
Da alma, com calma; plena...
Encanta por onde passa
cura que clama...
E eu esvaziada me jogo
inteira no ritmo
Enredo-me nessa dança
De letras serenas, tão claras
Canto o canto, conjunto
De notas breves e raras

Adivinho a estrutura
do novo sentimento
nova poesia
um tormento que se avizinha
e mais esvaziamento...
Ciente, silente e refeita
Entrego-me em gozo
A esse novo momento...
e a poesia novamente
e sempre
me leva e enleva
o prazer de ser-lhe obediente...

Anorkinda e Lena Ferreira

PLENITUDE

Basta-me um beijo teu, já no primeiro
E meu corpo consome-se em tua chama
Revirando os mil lençóis da nossa cama
Nosso encontro como fosse o derradeiro
.
Insana, vivo o momento mais perfeito
Meu corpo abrasado em excitação, delira
E o sentimento se faz forte, como a ira
De um vulcão incandescente; meu peito

.
Perco os sentidos, à emoção me entrego
Um arfar, meu coração quase explodindo
E num grito sussurrado, eu te pedindo:
Toma-me! Serei tua e a nada me nego


Nessa hora desbravamos todo universo.
Do amor mais puro libertino sem censura
Na plenitude dessa entrega nascem versos
De uma poesia inspirada em sã loucura


( Lena Ferreira e Virginia Torquato)

COLORINDO A ALMA

Meu coração, silente, grita de dor
Depois de derramar-se em solo árido
Não suporta mais o peso do desamor
Em vão, tenta livrar-se da poça de pranto

Minhas faces descoloriram sem sabor
Pálida e fria caminha a minha alma
Não há mais espaço pra tanta dor
Necessito extirpar tantos traumas

Abro minhas feridas que sangram
Rubras gotas expoem meu tormento
Sinto escoar todo meu sofrimento

Refeita, sinto que minha tez cora
Dilatam-se as pupilas do prazer
Colore-se minh'alma; meu reviver!

Lena Ferreira e Anorkinda

OLHE BEM

Mira essa figura à tua frente
Não sou apenas o que vês
De riso fácil, tão contente
Por trás, sou séria: tu crês?

De meu lado, o que vês:
Menina tímida e infantil
Bem sei do fácil ardil
Que convém ao freguês

Acima, tu crê no que vês?
É fruto de visão deturpada
Não tenho coroa; não crês?
Sou carne, osso; humanizada

Abaixo, vamos todos ao pó
Não assimiles o que vês
Não existe sangue de marquês
Temos entranhas, pele e só

Mira esse figura a tua frente
Nunca fui mais do que tu
Sou ser humano, sou gente

Olhe com o coração latente
Somos iguais, eu e tu
Da árvore da vida, a semente

Lena Ferreira e Anorkinda Luz

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

VALSA VIENENSE

Ao compasso de uma valsa vienense
Adentramos sorridentes no salão
Um cenário típico parisiense
Enfeitado de luz e emoção.

A orquestra toca Strauss com maestria
Os casais deslizam no ritmo compassado
Trocamos olhares e qual numa poesia
Giramos pela pista abraçados.

Passos certos de um valsar perfeito
Flutuamos como flutua um véu
Com garbo e amor no peito
Como anjos a bailarem pelo céu.

Rodopiando pela linda noite afora
Segue leve o meu e o seu pensamento
Até parece que o tempo se demora
Para assistir a valsa nossa do momento.

Por breve instante, a orquestra emudece
Casais se retiram olhando para nós dois
Desejo contido num olhar que enternece
Ensaiamos um beijo e valsamos depois.

( Rui E L Tavares & Lena Ferreira)

VERSANDO NO FIRMAMENTO

Canção
Cantada com mão
Inverso
Que busca o verso
Toada
Conto-de-fada
Procuro
Uma dama alada
Que valse
Ao tom da balada

Emoção
Que o coração digita
Receber
Um convite em verso
Meu peito
Logo se agita
Dançando
Sonata ou lira
Cantada
Neste compasso

Debruço os ouvidos aos seus passos
Deito minhas asas em seus ombros
E me deixo levar

Pelos versos seus
Pelos versos meus
Pela nossa dança
Pelos ventos meus
Pelos passos seus
Pela nossa ânsia

De ver valsarem, aladas
Letras em verso-sentimento
Nos salões do firmamento

Celso Mendes & Lena Ferreira

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PURA SAFRA

.
Escalo pensamentos
Mergulho em sua alma
Abraço sentimentos
Restituindo a calma

Volteio tantos mares
Bebo brisa e maresia
Por todos os lugares
Semeio luz e poesia

Mas sei que essa bebida
É de boa e pura safra
Pois se a vida é poesia
Vou beber em sua taça

Vou pulsando sua rima
Pra sentir o seu vibrar
Se me encontro no poema
Já me perco em teu sonhar

E de novo um novo enlevo
Vez por outra ou todavia
No enredo dessa busca
Eu esqueço a nostalgia

(Lena Ferreira & Marçal Filho)
Rio de Janeiro/Minas Gerais

RÉSTIA DE ESPERANÇA

O dia se foi...Morreu o sol
Por entre nuvens revoltas
Escuridão se faz e anuncia
Num soluço, forte tempestade
.
Que envolta em grande fúria
Varre tudo o que lhe tolhe a frente
Como lavas do vulcão,que nosso amor
Em erupção, pelo chão esparramou
.
Clamo aos céus numa súplica doída:
Cesse o vento, engula suas águas
Deixa acesa a brasa um pouco mais
Quem sabe a labareda enfim reacenda...
.
Mas não...Imundo vício que não cessa
O de pedir aquilo que improvável...
Chora o céu, choro eu. Menos você..
Desdenha meu lamento com sorrisos..

Hei de gritar ao vento uma prece
Que voará por sobre a indiferença
Deixada... Uma réstia de esperança
Pelo canto abandonada, bebo numa taça!

(Mazéh Lage & Lena Ferreira)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SOBRE POETAS E PÁSSAROS

O poeta vive qual um passarinho
Suas asas estão sempre a ruflar
Pensamento vive solto pelo ar
À procura de um novo verso-ninho
.
Segue solto e livre pelo caminho
Sem nada temer tendo a fé a lhe guiar
O poeta é o próprio verbo amar
Poetando versos de luz e de carinho
.
Devaneando, ele dança com o vento
E assim vai nascendo sua poesia
Tão livre, quanto a sua inspiração

Na boca, sorriso de contentamento
O poeta convive em harmonia
Como as aves que vivem no sertão*


(Lena Ferreira e K.chiabotto)
*Onildo Barbosa

LINHAS DO DESTINO

Entre as linhas que eu teço agora
- Entremeio a realidade e a fantasia-
Verso risonho, dissimulado, chora
Enquanto verso triste simula alegria...

E este anacronismo que aqui retrata
-A parte fraca quer prender a forte-
Se meu caminho quer levar pro sul
Seu caminhar conduzirá ao norte...

Entre o impasse desse ir e vir
Tem o consenso para o versejar
Se a linha reta vai nos conduzir
A tortuosa quer nos encantar...

Uso o bom senso; inspiração e tino
Reverto o reverso e me ponho a riscar
Sigo e teço nas linhas do meu destino
A dubiedade fascinante do verbo poetar..

(Lena Ferreira & Marçal Filho)

MARCADO A FERRO

Escrevi no meu peito triste
O teu lindo nome em negrito
Marcado a ferro; lança em riste
Por meu amor; imenso e aflito...

Alvoroço, total descompasso...
Inútil registro de tão lindo nome
Jamais nós dois ataremos laços
E essa certeza a mim consome...

Rasga-me o peito; dilacera-me a alma
Toma avulso os traços que teu nome escrevem
Lúgubre feito que me rouba toda a calma
Restando-me recordar os beijos que se perdem...

Ó, Deus! Diga-me...Não existes?
Então, finda essa minha agonia...
Faz desse amor, verbo que consiste
Impregnado nessa minha poesia

Lena Ferreira & Viviane Ramos

O VÔO DO CORVO

Quando me alegro
Não sofro
O que sinto
Eu sorvo

Não depende
Da noite ou do dia
Mas das asas noturnas
De um corvo

Quando eu amo
Me entrego
Sem culpas diurnas
Estorvo

Lanço-me em vôo infindo
Olho cego, alma liberta
Amo... Sigo, indo
Qual sensação de ser
Poeta!

Angela Chagas e Lena Ferreira

EMBLEMA

.
Saudade de unir meu verbo ao seu
Em versos repletos de verdade,
Onde a amizade vê o que recebeu
Do valoroso presente de sinceridade.
.
Saudade de ter minha alma aberta
Por olhos-versos que tem o poder:
Enxerga a dor, realinha e conserta
Fazendo os meus olhos de novo crer.
.
Porém, saudade se mata em lindo poema,
Nesse tema criado pela emoção constante
No espaço em que visualizamos nosso emblema.
Basta usarmos o sentimento como eterno lema,
Cuja poesia envolve nesse exato instante
E (d)escrevermos o que sentimos sobre o tema.
.
Janete do Carmo & Lena Ferreira)

ALEGRIA ALÉM DA DOR

.

Entre a dor e o riso tem seu rosto
Mistério que desvendo um segundo
Se leio em teu olhar triste e profundo
A marca desbotada de um desgosto.
.
São traços que corroem a tua alma
São lágrimas há muito repressadas
São restos de angústias trespassadas
Que deixam claro, à vista, tanto trauma

.
Levante teu olhar para o infinito
Veja quanta beleza ainda existe
Não há razão pra ser assim tão triste!
.
Enxergará como viver vale a pena
Caminhará de maneira mais plena
Descobrirá que a felicidade, sim, existe!


Camélia La Blanca & Lena Ferreira)

LOUCO QUERER

.
Atiro-me aos teus versos, sedenta e faminta
Devoro tuas letras com uma ânsia tamanha
Tento disfarçar- é inútil - creio que tu sintas
Sacia-me, então; gota e grão, sem barganha...
.
Amar em linhas, saber de mim, como queres...
Esfaimado, ao ver-te inquieta, em tudo sonha
No reverso da tua essência pura que me deres...
O amor, que em teu peito, fez-me artimanha!
.
Aplaca logo a minha fome que também é tua
Revela o inverso dito pela boca; pura manha...
Atiça a chama desse verso meu; me assanha!
.
Quero-te assim, louca, sob o clarão da lua!...
Por saciar as vontades que te vestes, em flor
E no meu versejar, contigo, morrer de amor!
.
(Lena Ferreira & Dolandmay)

ESBOÇO

Pincéis na mão, num mar de cores
Traço esboço de poesia no seu rosto
Tateando a tela quente, mil ardores
Aguçando na minha boca o seu gosto

Remoendo de saliva teu esboço
Ardoroso e lindo risco de teu dorso
Nesta tela, que até arrepia em mim
Os ciúmes de. a ela. tocares assim

Mil ardores queimam a minha face
Ruboriza até mesmo o pensamento
Recorro às cores buscando disfarce
Não encontro nenhuma no momento

Então me jogo nos carmins incendiados
Labaredas de vermelhos e afins
Tomam conta de meus insanos olhos
E mergulho adormecida, em você enfim!

(Lena Ferreira & Márcia Poesia de Sá)

CERTAS VERDADES

Certas verdades não se devem falar
Há de ficarem enclausuradas, sem ar
Dentro do coração poeta e sonhador
Recusando-se a viver sofrimento e dor

Certas verdades devem ser imaculadas
E dentro da alma muito bem guardadas
Sem que, com isso, provoque a agonia
De viver pensando no fato, noite e dia

Certas verdades, já que existem de fato,
Devem ser aceitas sem dó nem recato
São o que são e assim devem ser

Certas verdades que são ditas no ato
Faz de quem a diz ser visto como ingrato
Aprisioná-las é o melhor a se fazer

k.chiabotto e Lena Ferreira

CORAGEM

Vesti minh'alma com devaneios
Vendei o olhar para a realidade
Mergulhei no lago dos anseios
Temi afogar-me na fragilidade

Afundei a cabeça e voltei à tona
Dominou-me o medo da escuridão
Não joguei a toalha, não fui à lona
Dei mais valor ao meu pobre coração

Ergui minha cabeça, inflei meu peito
Lembrei que para tudo tem um jeito
Despi o medo e agarrei minha vida...

Olhei a morte em seus olhos frios
E dei-lhe um sorriso de glória
Dela despedi-me com o gosto da vitória



Lena Ferreira e K.chiabotto

RECICLAR É PRECISO

.
Vamos a outro momento... outro instante;
Onde o que já foi, um novo será.
Deixar os olhos, do passado, distantes
Viver sem arquitetar o que virá
.
Andemos a criar as coisas novas;
Tendo o passado como boa lição
Não se intimidar com tantas provas
Seguindo sempre a nossa intuição
.
Mas, quando o novo velho se tornar,
Algum inovador irá surguir...
A nossa mente, então, vai despertar
.
O sol, no horizonte irá luzir;
Intuindo, é preciso reciclar...
O pensar que possamos produzir .

(Cleusa Sotsab & Lena Ferreira)

.

SAL DA VIDA

Colherei as cinzas do teu corpo
Guardarei cuidadosamente
Por um tempo, velarei teu pó
Pedirei asilo ao vento forte
Com o cântaro de ti nas mãos

Submeterei à decisão do tempo
Esperarei pelo certo momento
Serás agraciado com dádivas
Do mais puro e intenso amor
Com o sal da vida a te recolher

E quando a luz no vaso penetrar
De tão intensa, ele se romperá
E espalhará tua poeira ao vento
Voltando à terra, morada eterna

Terás o alento e o conforto
Da unidade, da integridade
Estarás no Todo, disperso
E completamente feliz!

( Lena Ferreira e Anorkinda )