quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A ESTRANHEZA DE ESTAR

A estranheza de estar ( Prosa a 4 mãos )

Estou e não me sinto estando. ...
O verbo não casa com a rima. São coisas que me azucrinam, a distância que se aproxima, é tudo, é muito, é veloz, nada se faz poético!

Chega a ser patético, escritores virando frases, é a noção que se perde, a fluidez que se esvai. Na face, um ar de poesia. Nas mãos, um giz que se desfaz...

Estou me sentindo carente. Poeta vive de luz e é um amornar permanente, é um cadinho de cruz, é sina, é sentimento. Não dá para amar às pressas...

O Face destrói a palavra, resume o amor em hora incerta, fragiliza a sensação, faz a massa virar pão, bisnaguinha sem conteúdo, sanduíche em produção...
Quero a ausência das horas, os amigos pegando nas mãos.

Quero o poema na alma...um tanto mais de desrazão. Estou e me sinto não estando, num estado de paralisia que asfixia a voz da calma, da atmosfera criativa, da troca, da conversa amena, das construções de poemas altas horas, noite a fora....

Agora, o que temos é um mero click, um 'like', um gostar e em outra língua...língua muda, sinalizando passagem.
- Onde foram parar as palavras? os diálogos intensos, as viagens poéticas? o encantamento?...

Sinceramente, recuso-me a aceitar este tipo de mudança que nos leva a bagagem sem nosso consentimento nos deixando ao vento...ou ao Deus dará...

Bagagem seca e esturricada, um cadinho de nada, para quem tem tanto a dar...

Márcia Poesia de Sá e Lena Ferreira
(Em óbvio desagrado ao face.)

Fotografia de Eliana Desa.

Um comentário:

  1. Um dia eu conheci um mar...
    um dia pisei em suas águas
    um dia, mergulhei nele
    e jamais saí

    te amo Lena...

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