sábado, 16 de julho de 2011

ECLIPSE

(Daniel H. M. de Carvalho & Lena Ferreira)


Cedeu-me seus lábios...


Então olhei fixo pra cima

Em busca de seus olhos

Estavam fechados e trêmulos



Sufocado por um instante

Senti o gosto daquele desejo rosado

Tapar-me a boca ofegante

E calar minha língua intrometida



De joelhos lambuzei-me

Feito uma criança gulosa

Saboreando um sorvete

De néctar orquídea-selvagem



Cedeu-me poros, pele, pelos...

Inteiros, rendemo-nos aos apelos

seguidores de estrelas fartas

do céu de mel, de vinho e paixão



Cedi meu ar rarefeito em excesso

doei-lhe a Vida que em mim é farta

insensato que sou, verti três Sóis

e nu e cru clamei por razão



Mas já era tarde; dois corpos atados

jorravam pelos meios o melhor de nós

meu Sol, tua Lua, uma só poesia

eclipse sem fim, sem pudor, extasia...

 

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